quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Globo Teatro: Peça em cartaz no Rio critica a burocracia com humor negro

Logo em seu primeiro dia de trabalho numa repartição pública russa, o jovem Aleksei vê seus ideais ruirem diante do marasmo do novo ambiente profissional, quebrado posteriormente pelo assassinato da funcionária Ossipa. Em clima de humor negro e suspense, o novo espetáculo dos F... Privilegiados, em cartaz no Rio de Janeiro, parte do insólito mote para criticar uma velha conhecida dos brasileiros: a burocracia.


Escrita especialmente para a companhia carioca pelo dramaturgo e ator Pedro Brício, “Comédia Russa” nasceu de uma conversa com o diretor João Fonseca. “Escrevi a peça pensando no espírito da companhia, na forma como eles conseguem extrair a crítica do humor, sem nunca procurar o riso pelo riso”, destaca Brício. "Sempre admirei muito o grupo e, um dia, conversando com João Fonseca, veio a ideia de criar um espetáculo para eles. Já tinha uma ideia de um crime que acontece numa repartição pública, e a partir disso desenvolvi a trama".

O espetáculo – que traz as participações de Natália Lage e Rodrigo Nogueira,contracenando com os atores da companhia Alexandre Pinheiro, Cristina Mayrink, Daniela Olivert, Filomena Mancuzo, Marcos Correa, Ricardo Souzedo, Roberto Lobo, Rose Abdallah e Thelmo Fernandes – é ambientado na Rússia para criar um clima de fábula, em que as questões brasileiras aparecessem de forma difusa. “Não escreveria uma peça passada em Brasília, não é a minha. E acredito que o público também não ia aguentar ver outra abordagem dessas”, opina Brício. “Apesar de tratar de problemas nacionais, o texto tem um caráter globalizado, foi feito sob o impacto da crise mundial”.

O autor ressalta como o ambiente da repartição, que derruba o ânimo Aleksei logo no primeiro dia de trabalho, também contamina os demais companheiros de cena: "Mesmo fora do ytrabalho, os personagens vão burocratizando suas vidas até desistirem por completo de seus sonhos".

Um dos mais destacados autores da nova geração, Brício acredita que a principal característica dos jovens dramaturgos é a opção pelo processo colaborativo: “Hoje é mais raro a figura do autor que cria sozinho, ele está presente aos ensaios e se nutre da troca com os atores. Acredito que esta forma de trabalhar seja uma característica dos nossos tempos, muitos grupos trocam ideias assim, tanto no teatro quanto em outros meios, como as artes plásticas e a música".

Nenhum comentário: