domingo, 26 de abril de 2009

44 anos da TV Globo - Autores

A teledramaturgia no Brasil provoca reflexões, discussões acaloradas e as torcidas mais diversas, tanto em torno das suas tramas, dos seus personagens e dos diferentes estilos de narrativa, como acerca do próprio gênero. Assim como no futebol, todo brasileiro tem algo a dizer a respeito da novela que está em cartaz. É assim com temas que mexem com a emoção. O brasileiro é apaixonado por televisão e seu caso maior de amor é com as novelas. Seja nos bancos da academia, nas publicações especializadas ou no democrático espaço das ruas, as novelas, minisséries, seriados e especiais, esses modernos folhetins surgidos no século XX, estão de tal forma presentes na cultura e no imaginário do brasileiro que já foram incorporados a sua vida diária. Os mocinhos e bandidos da TV caminham lado a lado com o público e seus dramas reais, protagonizando aventuras que proporcionam o entretenimento e ajudam a montar um grande painel de diferentes épocas da história do país.

Aguinaldo Silva

O pernambucano Aguinaldo Silva começou sua carreira profissional como escritor, publicando o romance Redenção de Job. Como jornalista, trabalhou na sucursal da Última hora em Recife. Mudou-se para o Rio de Janeiro após o golpe militar, em 1964, e trabalhou em grandes jornais como o Jornal do Brasil e O Globo, do qual foi redator, sub-editor e editor. Ainda como jornalista, foi um dos fundadores de Lampião da esquina, um dos ícones da imprensa alternativa. Tornou-se um escritor nacionalmente conhecido por sua obra de teledramaturgia. Estreou na TV Globo no final dos anos 1970, como roteirista do seriado Plantão de polícia, que retratava justamente o universo das redações de jornal. Em seguida, assinou 14 novelas, todas para o horário das 20h, além de minisséries históricas como Lampião e Maria Bonita – a primeira produzida pela TV Globo – e Padre Cícero. Escreveu, também, a novela Roque Santeiro, que assinou em co-autoria com o Dias Gomes. Tanto o realismo fantástico, presente em tramas rurais como Tieta e Pedra sobre pedra, quanto o urbano, de novelas como Suave veneno e Senhora do destino, são características marcantes em sua obra. Em 2008, assinou a Duas caras, na qual retratou o nascimento e o dia-a-dia de uma comunidade de baixa renda, a favela da Portelinha.

Alcides Nogueira

Alcides Nogueira deu início a sua bem-sucedida carreira como dramaturgo em 1981, com a peça teatral Lua de cetim. Apontado como autor-revelação daquele ano, recebeu os dois prêmios mais importantes da época, o Molière e o da Associação Paulista de Críticos de Arte. Ainda nos anos 1980, passou a escrever também para a televisão, como roteirista do programa Caso verdade. Como colaborador, trabalhou ao lado da maioria dos principais autores da TV Globo em diversas novelas marcantes como O salvador da pátria e A próxima vítima. Alcides Nogueira escreveu sua primeira novela como autor titular, De quina pra lua, em 1985. Foi co-autor de duas minisséries de grande sucesso: Um só coração e JK, escritas em parceria com Maria Adelaide Amaral. Em 2008, assinou o remake da novela Ciranda de pedra.

Antonio Calmon

Antonio Calmon começou sua carreira profissional no cinema, no qual trabalhou como produtor, roteirista, diretor. Foi assistente de direção de cineastas como Glauber Rocha e Cacá Diegues, em filmes que marcaram o Cinema Novo como Terra em transe e A grande cidade. Amazonense de nascimento, ainda adolescente se mudou para o Rio de Janeiro. Identificou-se tanto com a cidade, com seus tipos e belas paisagens, que escreveu o roteiro de Menino do Rio, filme de enorme sucesso e que apresentou ao grande público uma linguagem jovem e estética inovadora. Foi contratado pela TV Globo logo em seguida, em 1985, para integrar a equipe de autores de um novo seriado da emissora, voltado para o público jovem: Armação ilimitada. Autor de tramas bem-humoradas como Top model, Vamp e O beijo do vampiro, Antonio Calmon tornou-se referência na abordagem tanto do universo da juventude, como a cultura do surf, quanto temas ligados ao vampirismo. Em 2008, estreou Três irmãs, a nona novela em sua carreira.

Benedito Ruy Barbosa

A trajetória de Benedito Ruy Barbosa se confunde com a da própria televisão. É ele o autor de marcos da TV brasileira, como a novela educativa Meu pedacinho de chão e Pantanal. Trabalhou nas redações de grandes jornais de São Paulo, antes de iniciar sua carreira como autor de novelas. Passou por todas as principais emissoras de TV, iniciando sua carreira na TV Globo em 1976, quando escreveu O feijão e o sonho. Foi o responsável, ainda, pelo seriado Sítio do Picapau Amarelo, para o qual escreveu diversos episódios. Autor de grandes sucessos como Cabocla, Sinhá Moça, Renascer, Rei do gado e Terra nostra, Benedito Ruy Barbosa sempre fez de sua própria vivência o eixo principal nas tramas que escreve. Na TV Globo, já escreveu 14 novelas e a minissérie Mad Maria, expondo questões sociopolíticas que envolvem o universo rural, através de sagas familiares, e retratando o cotidiano e a diversidade dos tipos brasileiros. Neste ano estreou o remake de Paraíso.

Carlos Lombardi

Autor reconhecido por tramas ágeis e bem-humoradas, Carlos Lombardi começou a escrever para a televisão quando ainda estudava na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Sua primeira experiência em telenovelas foi na TV Tupi, quando assinou a co-autoria de Como salvar meu casamento. Foi contratado pela TV Globo em 1981, passando a trabalhar como colaborador dos autores Cassiano Gabus Mendes, em Elas por elas, e Silvio de Abreu, em Guerra dos sexos. Suas duas primeiras novelas como autor titular, Vereda tropical e Bebê a bordo, tiveram grande repercussão e se transformaram em marcos de audiência no horário das 19h. Carlos Lombardi trouxe a estética de videoclipe para a telenovela, fazendo das cenas de ação e do texto sarcástico sua marca maior. Nos anos 2000, diversificou seu trabalho de autor, escrevendo uma minissérie, O quinto dos infernos, e o seriado Guerra e Paz.

Euclydes Marinho

O carioca Euclydes Marinhos começou sua carreira na TV Globo, em 1978, escrevendo seriados e programas especiais. Fez parte da equipe de roteiristas de Ciranda cirandinha e Malu mulher – anos depois, escreveria outros seriados de grande sucesso, como Armação ilimitada e Mulher. Ainda nos anos 1980, escreveu roteiros para especiais dedicados a artistas de peso na música brasileira, entre os quais se destaca o premiado Antônio, o brasileiro, sobre o maestro Antonio Carlos Jobim. Como roteirista, trabalhou também no programa Caso especial. Sua primeira experiência em novelas foi como colaborador de Gilberto Braga em Brilhante. Em 1999, assinou sua primeira novela como titular, Andando nas nuvens e, em 2002, Desejos de mulher. Foi responsável pelo texto de quatro minisséries: Quem ama não mata, Meu destino é pecar, adaptada da obra de Nelson Rodrigues, Meu marido e Capitu, que revelam um autor de tramas modernas e urbanas, atento a questões que envolvem o universo feminino e os relacionamentos amorosos.

Gilberto Braga

Discípulo de Janete Clair, uma das mais consagradas autoras de novelas da TV brasileira, o carioca Gilberto Braga fez sua estréia na televisão no início dos anos 1970. É autor de mais de 20 obras de sucesso na TV Globo. Levam a assinatura de Gilberto Braga novelas como Dancin’ days, Vale tudo, O dono do mundo e Celebridade, nas quais criou personagens inesquecíveis, como ex-presidiária Júlia Matos e os vilões Odete Roitman, Maria de Fátima, Felipe Barreto e Laura Prudente da Costa. Dono de um estilo que valoriza ao máximo a palavra e o diálogo e criador de grandes tramas modernas e urbanas, também escreveu muitas adaptações e novelas de época, como Helena e Escrava Isaura, um dos maiores sucessos de nossa teledramaturgia. Outra parte importante de sua obra foram as minisséries históricas, como Anos dourados e Anos rebeldes. Em 2007, junto com Ricardo Linhares, escreveu mais um grande sucesso, Paraíso tropical.

Gloria Perez

Formada em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gloria Perez começou a trabalhar na televisão, em 1983, como assistente da autora Janete Clair. Assinou sozinha sua primeira trama, Barriga de aluguel, em 1990. Com um currículo que inclui cinco novelas no horário das 20h, tornou-se conhecida não só pela abordagem de temas polêmicos, mas também pelo merchandising social que marca suas tramas. Entre seus trabalhos, destacam-se De corpo e alma, Explode coração, O clone e América. Outra parte importante de sua obra é formada pelas minisséries. Baseadas em apurada pesquisa e enfocando períodos históricos importantes, Gloria Perez já assinou obras como Desejo, Hilda Furacão e Amazônia – de Galvez a Chico Mendes. A autora iniciou o ano de 2009 escrevendo sua nona novela, Caminho das Índias.

João Emanuel Carneiro

O carioca João Emanuel Carneiro escreve desde os 15 anos, quando começou a colaborar com o cartunista Ziraldo como roteirista das aventuras dos personagens Menino Maluquinho e Pererê. Em 1992, recebeu o Kikito no Festival de Gramado pelo curta-metragem Zero a zero, que roteirizou, dirigiu e produziu. Ainda no cinema, escreveu roteiros de longas-metragens de sucesso, como Central do Brasil (1998), de Walter Salles, premiado no Festival de Berlim e candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Nos anos 2000, foi colaborador de Maria Adelaide Amaral nas minisséries A muralha e Os Maias. Em 2004, entrou para o time de autores de novelas da TV Globo, assinando dois sucessos consecutivos no horário das 19h, Da cor do pecado e Cobras & lagartos. A favorita, em 2008, marcou sua estréia no horário das 20h.

Manoel Carlos

Manoel Carlos pertence a geração que inaugurou a televisão no país, ainda nos anos 1950. Com uma extensa lista de trabalhos, passou por quase todas as emissoras de TV do Rio de Janeiro e de São Paulo, seja como ator, autor, produtor ou diretor. Muitas vezes, inclusive, desempenhou simultaneamente mais de uma dessas funções. Sua trajetória também é marcada por centenas de adaptações de textos clássicos da literatura mundial para os teleteatros que deram início à teledramaturgia no país. Estreou na TV Globo como diretor-geral do Fantástico, em 1972. Reconhecido por seu talento como novelista, Manoel Carlos escreveu tramas urbanas de sucesso como Baila comigo, Por amor, Laços de família, Mulheres apaixonadas e Páginas da vida. Entre as características de sua obra, destacam-se a ambientação urbana, sobretudo o bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e o gosto por retratar heroínas chamadas Helena – foram sete, até hoje.

Maria Adelaide Amaral

Maria Adelaide Amaral estudou ciências sociais e se formou em jornalismo. Trabalhou quase 20 anos como pesquisadora, na Editora Abril, antes de começar a escrever para a televisão, na TV Globo. Estreou em 1990, colaborando com o autor Cassiano Gabus Mendes na novela Meu bem, meu mal. Seu primeiro trabalho como autora titular foi o bem-sucedido remake de Anjo mau, em 1997. Desde então, especializou-se em escrever minisséries, que fizeram grande sucesso e ficaram famosas por retratar com alta fidelidade períodos históricos importantes, como JK, Um só coração, A casa das sete mulheres e A muralha. Dramaturga conceituada, já escreveu mais de 20 peças teatrais, entre as quais Chiquinha Gonzaga, ó abre alas e Bodas de papel, com a qual ganhou os prêmios Molière e da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA. Maria Adelaide Amaral também tem um reconhecida carreira como escritora. Entre os romances que publicou, estão Luisa (quase uma história de amor), O coração solitário e Estrela nua.

Miguel Falabella

Ator, produtor, diretor, escritor, roteirista, dramaturgo, o carioca Miguel Falabella é conhecido – e premiado – por seus trabalhos no teatro, no cinema e na televisão. Estreou nos palcos do Teatro Tablado, aos 18 anos, em 1974. No início dos anos 1980, fez sua estréia no cinema, atuando no filme Mulher sensual, de Antonio Calmon. Começou a trabalhar como ator na TV Globo em 1982, participando de alguns episódios dos programas Caso verdade e Casos especial. Na emissora, além do trabalho em novelas como Sol de verão, Selva de pedra e A viagem e na minissérie As noivas de Copacabana, da qual foi protagonista, Miguel Falabella atuou em seriados, humorísticos, especiais e foi apresentador, durante 15 anos, do Vídeo show. Estreou como novelista em 1996, quando assinou com Maria Carmem Barbosa a divertida Salsa e merengue. Autor de tramas urbanas marcadas por um humor ácido e aguçado senso de observação do comportamento, em 2008, escreveu sua terceira novela, Negócio da China.

Ricardo Linhares

Ricardo Linhares sempre quis ser escritor. Criou histórias em quadrinhos, escreveu peças teatrais e participou de concursos literários, chegando a vencer alguns deles, tudo isso antes de ingressar na faculdade. Formado em jornalismo, no entanto, jamais trabalhou profissionalmente na área. Começou a escrever para a televisão aos 20 anos, assinando roteiros para um telecurso da TV Educativa. E foi como roteirista que entrou na TV Globo, na equipe do programa Caso verdade. Passou ainda pelo humorístico Viva o Gordo e pelo Teletema, antes de fazer sua primeira colaboração em uma minissérie, O tempo e o vento. Em novelas, foi colaborador de Aguinaldo Silva em produções importantes como O outro, Tieta e Pedra sobre pedra. Também foi colaborador de Gilberto Braga, em obras como O dono do mundo e a minissérie Anos rebeldes. Tornou-se autor titular em 1998, assinando sozinho a novela Meu bem querer, na qual misturava romance, humor e fantasia. Nos anos 2000, reeditou a parceria com Gilberto Braga em Celebridade e Paraíso tropical.

Silvio de Abreu

Após iniciar sua carreira profissional como ator, no teatro e no cinema, Silvio de Abreu foi assistente de direção de profissionais conceituados como Antonio Abujamra e Carlos Manga. Estreou em televisão, ainda como ator, na TV Excelsior, mas passou também pela TV Bandeirantes e pela TV Globo, atuando na novela A próxima atração, de Walther Negrão, em 1971. Começou a assinar tramas na TV Tupi e, contratado pela Globo, teve seu trabalho elogiado por grandes autores da emissora como Cassiano Gabus Mendes e Janete Clair. Desde então, já escreveu 16 novelas, e muitas delas são consideradas marcos da teledramaturgia. Dotado de uma veia cômica poderosa, que rendeu obras como Guerra dos sexos, Cambalacho e Rainha da sucata, Silvio de Abreu também assinou tramas policiais marcadas pelo suspense, como A próxima vítima e Torre de Babel. Nos anos 2000, escreveu Belíssima, na qual criou a vilã Bia Falcão, uma das mais marcantes da televisão brasileira.

Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco trabalhou ativamente como jornalista em veículos da grande imprensa, antes de começar a escrever para a televisão. Estreou no início dos anos 1980, contratado pelo SBT. Na mesma época, fez sua primeira investida no terreno da ficção: a peça Uma cama entre nós, comédia de grande sucesso que excursionou durante cinco anos pelo Brasil. Duas décadas depois, aos 50 anos, ganhou o Prêmio Shell de melhor autor pela peça Êxtase. Trabalhou na TV Manchete, escrevendo três minisséries e a novela Xica da Silva. Desde 2000, na TV Globo, já escreveu sete novelas, entre as quais O cravo e a rosa, Chocolate com pimenta e Alma gêmea, todas de grande audiência no horário das 18h. Em 2007, Walcyr Carrasco assinou sua primeira trama contemporânea, a comédia romântica Sete pecados. Hoje escreve a atual novela das sete, Caras e Bocas.

Wather Negrão

O paulista Walther Negrão começou a escrever para a televisão em 1958, adaptando peças para um programa que fez muito sucesso na época, o Grande teatro Tupi. Autor de mais de 30 novelas – 20 delas na TV Globo – que marcaram a história da teledramaturgia brasileira, participou ativamente do processo de consolidação do gênero no país. Escreveu desde tramas urbanas, como O primeiro amor e Roda de fogo, até obras de época, como O direito de amar, além de outras voltadas para o universo jovem, como Top model. Sua inspiração vem da infância, das ruas, das feiras livres, dos mercados, das fofocas das comadres, enfim, do contato com toda sorte de gente, a matéria-prima de suas histórias. Negrão é da época da máquina de escrever e do papel estêncil –– aquele usado em mimeógrafos –, e foi testemunha de pelo menos duas grandes inovações tecnológicas na TV: o videoteipe e a chegada da cor. Em 2008, assinou a novela Desejo proibido, cuja trama era ambientada na fictícia cidade mineira de Passaperto.

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