quinta-feira, 21 de julho de 2011

Evento reúne atores para celebrar o centenário de Paulo Gracindo

Ele viveu no palco e representou na vida. Foi Tucão, Odorico Paraguaçu, Primo Rico, Coronel Ramiro Bastos e tantos outros personagens que continuam presentes no imaginário popular. Viveu muitas vidas na ficção e afirmava ter pena de quem vivia uma só. Cem anos após o nascimento de Paulo Gracindo, familiares, amigos e profissionais da teledramaturgia se reúnem para celebrar a obra de um dos grandes atores da televisão brasileira.

- Com este centenário nós conseguimos ativar a presença desse homem tão importante para a televisão brasileiras, um dos maiores artistas do século XX. Para mim é emocionante ver meu pai nessa dimensão, nesse aplauso – revela Gracindo Júnior, filho do ator.

No evento realizado nesta quinta-feira, dia 21, em Botafogo, Zona Sul do Rio, os convidados testemunharam o lançamento do selo comemorativo em homenagem ao centenário do nascimento de Paulo Gracindo, feito pelos Correios, e assistiram ao documentário “Paulo Gracindo – O Bem-Amado” (2009), dirigido por Gracindo Júnior.


Estiveram presentes no encontro os atores Milton Gonçalves, Marília Pêra, Rogério Fróes, além do diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, e do diretor regional dos Correios, Omar de Assis Moreira.

- Estou muito feliz hoje porque meu avô dizia que tinha medo de ser esquecido após a morte. Ele morreu quando eu tinha dez anos e eu me lembro dele como um avô como outro qualquer. Só quando comecei a montar o filme que fui conhecer o Paulo Gracindo ator – conta o também ator Pedro Gracindo, neto de Paulo, que afirma que conhecer os trabalhos do avô foi determinante na escolha de sua carreira.

A atriz Marília Pêra, que contracenou com Paulo Gracindo em Bandeira 2, lembra da importância do trabalho de recuperação da história da televisão:

- O Brasil agora começa a se preocupar com sua memória cultural. Eu vim de uma família de três gerações de artistas completamente esquecidos e hoje luto loucamente para recuperar isso. É importantíssimo para um país homenagear quem fez parte da sua história e o Paulo foi e continua sendo um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos.

Milton Gonçalves e Rogério Fróes lembram com muito carinho do amigo:

- A sensação maior nesse momento é a de saudade do velho Gracindo. Ele era um homem muito gentil, educado, culto. Quando chegava um ator novo, ele era o primeiro a instruir. No decorrer da vida, eu aprendi muito com ele – revela Milton.

- Ele fazia coisas que vinha de dentro, era um grande ator. Tinha amor pela profissão, respeito e a estudava profundamente. Se tivesse espetáculo, chegava uma hora antes para ler o texto. Era impressionante a força que ele tinha, o carisma – conta Rogério.

Múltiplos talentos e qualidades

Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo nasceu no dia 16 de julho de 1911, no Rio de Janeiro. Mudou-se ainda criança com a família para Maceió, em Alagoas, mas, aos 20 anos, voltou para a cidade natal para seguir carreira no teatro. Foi aí que adotou o nome artístico de Paulo Gracindo. Na então Capital Federal, participou das maiores companhias de teatro dos anos 1930 e 1940. Foi locutor e apresentador da Rádio Nacional e trabalhou como radioator no sucesso "O Direito de Nascer".

Começou a trabalhar na Rede Globo no final da década de 1960. Atuou nas primeiras novelas da emissora, como A Rainha Louca (1967) e A Gata de Vison (1968), escritas pela cubana Glória Magadan. Seu primeiro personagem de destaque foi o bicheiro Tucão, na novela Bandeira 2 (1971), de Dias Gomes. A consagração veio dois anos depois em O Bem-Amado, outra novela de Dias Gomes, na qual viveu o antológico prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu. Reconhecido por seu trabalho no teatro, na televisão e no rádio, Paulo Gracindo morreu aos 84 anos, em decorrência de um câncer de próstata, no dia 4 de setembro de 1995, no Rio de Janeiro.

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