
Você interpreta uma personagem que fragmenta-se em três na peça, entre eles, uma androide. Que referências você buscou para compor este personagem? É mais difícil ou mais fácil interpretar um ser que não faz parte da realidade?
A composição de um personagem sempre é uma tarefa difícil, independente de ser um androide ou uma mulher. Para este trabalho, a Denise Bandeira nos deu muitas referências, livros, filmes, contos. Assistimos filmes como “Metropolis”, “Blade Runner”, “A.I”, e muitos outros onde haviam androides. Com a Patrícia Carvalho-Oliveira fiz um trabalho muito bacana usando imagens de quadros. Como nós duas já trabalhamos juntas anteriormente, já possuímos uma linguagem comum o que facilita muito o trabalho.
Você tornou-se conhecida pelo grande público pelos trabalhos na minissérie Maysa e na novela Passione, mas tem uma trajetória no teatro até maior do que na TV. Qual a importância do teatro na sua formação como atriz? Você gostaria de ter esta carreira no teatro tão reconhecida quanto os trabalhos na TV?
Toda importância! Comecei fazendo teatro amador. Sou formada em interpretação teatral pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estudar teatro me deu as ferramentas que necessito para desenvolver com segurança meu trabalho. Descobri um grande prazer em fazer televisão, um veículo muito desafiador. Mas para mim é fundamental retornar ao palco, pois lá me reciclo, me renovo. Quanto ao reconhecimento, ele é sempre bom. Mas o reconhecimento que a TV dá é muito maior, afinal com ela entramos na casa das pessoas diariamente. O reconhecimento que vem do teatro é de outra ordem.
Pedro Paulo Rangel disse que, como bom “vampiro”, tem “sugado” o seu frescor e a sua juventude, bem como a do Bruno Ferrari. Como tem sido essa troca com um ator tão experiente?
Tem sido maravilhoso! Trabalhar com o Pepê é estimulante, divertido e com certeza eu aprendo muito com ele.
A peça fala da busca do homem pela perfeição, de sua relação com a tecnologia, sua tentativa de controlar a natureza e até mesmo as suas emoções. Que questão levantada pelo texto mais te interessa? Por quê?
Acho muito interessante o fato de um texto de 1886 permanecer tão atual e abordar questões que são pertinentes hoje em dia. Edison propõe a criação de um ser perfeito, e essa perfeição se dá principalmente pelo fato de se poder controlar totalmente esta criatura. Amar uma androide seria "seguro" na visão de Edison. Os "danos" de uma paixão arrebatadora estariam descartados. Quantas pessoas hoje em dia não se encantariam com essa possibilidade? Em época de relações intermediadas por computadores, de namoros virtuais, o quanto nós estamos perto da realidade desenhada por Villiers de L'Isle-Adam?
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