segunda-feira, 3 de maio de 2010

Rede Globo 45 anos: A Casa das Sete Mulheres

A Casa das Sete Mulheres foi uma minissérie brasileira produzida pela Rede Globo e exibida entre 7 de janeiro e 8 de abril de 2003, às 23 horas, totalizando 52 capítulos.

Foi escrita por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão, com colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, baseada no romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski, e dirigida por Teresa Lampreia, com direção geral de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann, e direção de núcleo de Jayme Monjardim.

A minissérie apresentou Eliane Giardini, Camila Morgado, Samara Felippo, Mariana Ximenes, Daniela Escobar, Nívea Maria e Bete Mendes como as Sete Mulheres, e ainda Thiago Lacerda, Giovanna Antonelli e Werner Schünemann, como os grandes heróis da Guerra Farroupilha, vivendo seus personagens figuras verídicas, que complementaram a história do país, sendo os mesmos, grandes ícones nacionais.

A minissérie e o romance

Na adaptação do romance de Letícia Wierzchowski para a televisão, os autores e a emissora tomaram algumas liberdades que, no entender de estudiosos da cultura gaúcha, foram excessivas.

O romance ressalta o caráter conservador na educação das filhas dos estancieiros gaúchos no século XIX, e como era pobre e rotineiro seu cotidiano (especialmente na situação de confinamento em que se encontravam). Relacionamentos amorosos eram tratados com recato. Já na minissérie, o comportamento das personagens femininas pouco se diferencia do comportamento das mulheres nas novelas ambientadas no Rio de Janeiro do século XXI.

O isolamento das sete mulheres é enfatizado no romance e é essencial para o desenvolvimento dramático e psicológico das personagens. Visitas eram esporádicas; os acontecimentos externos permaneciam distantes; só ficavam conhecidos por meio de cartas e mensageiros. Na minissérie, para manter o interesse do público, a casa é palco de frequentes encontros e festas, e as personagens se envolvem diretamente em episódios da revolução.

O relacionamento de Manuela e Garibaldi foi descaracterizado. No romance, ambos rompem porque Manuela, uma personagem real, não teve coragem de deixar a casa e acompanhá-lo. Sofreu o resto da vida por isso: nunca se casou e teve uma vida solitária, sendo apontada nas ruas de Pelotas, onde foi morar, como a noiva de Garibaldi. No romance, Anita é apenas citada, de passagem.

Na minissérie, após o rompimento ter sido mostrado tal como no romance, Manuela, ao saber do novo relacionamento de Garibaldi, vai a seu encontro, enfrenta Anita e se envolve nos combates da Revolução Farroupilha. Sem transição, torna-se uma personagem forte e decidida. Toma a decisão que Garibaldi esperava dela, e no romance não teve coragem de tomar.

Esta mudança não passou despercebida dos espectadores da minissérie que, em centenas de cartas e mensagens eletrônicas, pediam aos autores que no final Garibaldi e Manuela ficassem juntos. Isso levou outro espectador a comentar ironicamente que, se era para distorcer fatos históricos, os autores fizessem os gaúchos ganharem a Revolução Farroupilha.

Também há a mudança de humor da personagem Maria Gonçalves, que ao entender do livro, se mostra uma mulher que amava o marido e não era rabugenta com as três filhas e o filho Antônio (que nem é citado nas minissérie).

No livro é citado que Manuela tinha por volta dos seus 15 anos, diferente da Manuela da minissérie que aparenta ter no mínimo 22 anos. A ordem de nascimento no livro é assim: O mais velho é Antônio (que na minissérie nem é citado), logo em seguida vem Rosário, Mariana e depois Manuela. Na minisérie é Manuela seguida de Rosário e por fim Mariana.

Com Caetano acontece a mesma coisa, de 15 anos do livro vai parar com 19 na minisérie.

A minissérie cometeu também um deslize geográfico. A ação se passa na região de Camaquã e Cristal, no Rio Grande do Sul, entre a serra do sudeste e a costa da Lagoa dos Patos, uma planície com poucas elevações que se estende do sul de Porto Alegre até o extremo meridional do Uruguai. No entanto, aparecem seguidas cenas tomadas no cânion do Itaimbezinho, situado na serra gaúcha, em Cambará do Sul.

Rede Globo 45 anos, o que é bom é pra se recordar!

Nenhum comentário: