sexta-feira, 30 de abril de 2010

Rede Globo 45 anos: Um só Coração

Um Só Coração foi uma minissérie televisiva produzida pela Rede Globo que prestava uma homenagem à cidade de São Paulo. Foi exibida durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2004, quando da comemoração dos 450 anos de fundação da cidade.

A direção foi de Marcelo Travesso Ulysses Cruz e Gustavo Fernandez, a direção geral foi de Carlos Araújo, o núcleo de Carlos Manga e o roteiro de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, com a colaboração de Lúcio Manfredi e Rodrigo Arantes do Amaral. Teve 54 capítulos.

A trilha sonora contou com uma adaptação de uma das obras mais famosas de Tchaikovsky, a 5ª Sinfonia. A versão adaptada reunia vários movimentos numa só canção e foi chamada no CD de "Sinfonia Paulistana".

Enredo

Quando Yolanda Penteado e Martim Pais se conhecem, no início da década de 20, ela é uma princesinha do café e ele, filho de uma família tradicional empobrecida. Martim Paes de Almeida é um jovem estudante de medicina que simpatiza com o movimento anarquista. Sua atividade política, totalmente clandestina, acaba lhe rendendo problemas. Quando ele e Yolanda se apaixonam, Guiomar, mãe da moça, é terminantemente contra o namoro da filha com um anarquista, bem como o irmão mais velho, Juvenal. Pior: ela decide casá-la com o primo Fernão, como era da vontade de seu falecido marido. A partir daí, uma série de intrigas e mal-entendidos separam Yolanda de Martim. Mas uma coisa é certa: um jamais conseguirá esquecer o outro.

Vale a pena lembrar que, na realidade, o primeiro marido de Yolanda foi Jayme da Silva Telles, cuja aparição na minissérie, nesse papel, não foi autorizada por sua família.

Yolanda, com sua determinação, inteligência e beleza, provoca um escândalo na sociedade paulista da época: após descobrir a traição do marido, o personagem fictício Fernão, com sua melhor amiga, Elisa, opta pelo desquite num tempo em que muitas mulheres se resignavam. Admirada por todos por sua beleza e personalidade, Yolanda tem entre seus pretendentes Santos Dumont, o "Pai da Aviação", e o jornalista Assis Chateaubriand.

Após o casamento fracassado com Fernão, Yolanda encontra Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo Matarazzo, dono do maior parque industrial de São Paulo e fundador do MAM (Museu de Arte Moderna), em 1948. Ambos manterão uma relação de admiração e respeito mútuos, além do espírito empreendedor nas artes. As aventuras amorosas de Ciccillo e o amor de Yolanda por Martim não afetam a amizade do casal.

Os outros núcleos mostram histórias de outros personagens, reais ou fictícios. A família Sousa Borba representa a decadência da sociedade paulista após a queda da Bolsa de Nova York em 1929. Coronel Totonho é um dos donos de fazenda de café da época que perde tudo e se decide por um trágico destino: o suicídio. O casarão da família é um símbolo da transformação da cidade. Após a crise de 29, o palacete vira um bordel e, após a década de 30, uma pensão que recebe imigrantes.

O maior problema da vida de Maria Luísa, filha de Totonho, é seu pai, que não lhe permite nada. E tudo fica ainda mais difícil depois que ela se apaixona por Madiano Mattei, um pintor anarquista e pobretão. Mas o destino também a separa de seu pintor. Grávida de Madiano, ela o deixa partir para tentar uma vida melhor na França e esconde dele a filha que espera. Enquanto isso, Maria Luísa aceita se casar com Samir, um libanês que enriquecera com o comércio de tecidos. Mas essa união encontra uma série de percalços, como a oposição de Sálua, mãe de Samir, contra o casamento. E o fato de Maria Luísa esconder do marido que tivera uma filha com Madiano, agora adotada por Yolanda.

Na família Sousa Borba, tudo é permitido a Rodolfo, um homem sem escrúpulos e mau-caráter que desperdiça o dinheiro da família no jogo. Mas é extremamente másculo, o que não se pode dizer do seu irmão, Bernardo, outro filho de Totonho. Inteligente, íntegro e sensível, não segue o modelo de masculinidade valorizado pelo pai. Por isso, o coronel chega a contratar uma governanta com o intuito de convencê-la a seduzir o filho. Ela é Ana Schmidt. Aqui, cabe ressaltar, utiliza-se na trama da minissérie o enredo da obra Amar, Verbo Intransitivo, do modernista Mario de Andrade. O desprezo do coronel pelo filho tem um motivo maior: a desconfiança de traição de sua falecida mulher. Filha do anarquista Ernesto da Silva, perseguido por Totonho, Ana aceita trabalhar no casarão em troca da liberdade do pai. Mas ela se tornará uma obsessão para Rodolfo, que fica boquiaberto com sua beleza. Ela encontra o amor nos braços de Joaquim, um padeiro português. Mas a união dos dois causa a ira de Rodolfo, que não desiste de alcançar seu objeto de desejo.

Em meio a todos esses dramas, os artistas da época se unem para a Semana de Arte Moderna de 1922, a partir da idéia da francesa Marinette, esposa do mecenas Paulo Prado. Da Semana de 22, despontam figuras importantes para a história e para a minissérie, como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, entre outros.

Rede Globo 45 anos, o que é bom é pra se recordar!

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