
O especial traz imagens de arquivo e depoimentos de amigos, familiares e profissionais que acompanharam de perto a carreira de Cazuza, entre eles Bial, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Bebel Gilberto, Roberto Frejat, Ezequiel Neves e seus pais, Lucinha e João Araújo.
- A Lucinha Araújo abriu o baú dos seus arquivos para nossa pesquisadora Júlia Schnoor e lá encontramos coisas preciosas, como momentos de intimidade dele, comemorando um aniversário em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro - conta George Moura, redator-final do programa.
Filho do fundador da Som Livre, Cazuza sempre esteve cercado de artistas. Nunca ganhou um prêmio na escola, mas era criativo e dispunha de uma vasta cultura geral. Seus pais apostavam que seria jornalista e fizeram de tudo para discipliná-lo.
- Eu o coloquei para trabalhar na área de imprensa para ter alguma responsabilidade - , conta seu pai, João Araújo.
Naquela época, o empresário não vislumbrava a carreira de cantor e compositor do filho. Foi preciso Guto Graça Melo, então diretor-artístico da Som Livre, e Ezequiel Neves, assistente deste, baterem várias vezes na sala de João para que ele ouvisse a fita de Cazuza cantando com o Barão Vermelho.
- E era boa! Eu acabei sendo convencido a gravar - conta ele.
O grupo tocava rock em português e sucessos como “Todo Amor que Houver nesta Vida” e “Pro Dia Nascer Feliz”, que Ney Matogrosso lançou para todo o Brasil.
- Finalmente as coisas começam a acontecer! A gente começa a ir para a estrada, começa a trabalhar. Todos nós muito garotos, imaturos, jovens - lembra Frejat, guitarrista da banda.
O êxito do grupo foi, claro, enorme, assim como a exposição na mídia. Depois de um tempo, os conflitos se tornaram frequentes e Cazuza já não queria mais cantar apenas rock.
- Fiquei conhecido como roqueiro, mas sempre tive uma paixão enorme pela Bossa Nova, por aquela coisa cult, intimista, pelo canto no pé do ouvido, aquela coisa íntima mesmo e resolvi gravar uma. Vamos ver. Está aí - conta Cazuza em uma de suas entrevistas que o Por Toda Minha Vida mostra. Caju, como era chamado por seus amigos, foi considerado o poeta da rebeldia, da solidão e do amor. Era capaz de oscilar entre a doçura e a crueldade e, sem pudor nem meio-termo, escrevia versos que escancaravam os desejos de uma juventude que se libertava de vinte anos de ditadura. Sua música traduzia a angústia e a euforia de toda uma geração.
Separados, ele e o Barão Vermelho continuaram fazendo sucesso e, às vésperas de lançar o primeiro LP solo “Exagerado”, a saúde de Cazuza se tornou cada vez mais frágil. A descoberta de que era soropositivo e todo o sofrimento que a doença acarretou não tiraram a intensidade e a ousadia do cantor. A partir daí, sua poesia passou a carregar a emoção de quem estava vivendo com novas perspectivas.
- Eu comecei a me preocupar em ver o lado de fora da janela, em ver o coletivo - disse na época em que escreveu músicas como “Brasil”, “Um Trem Pras Estrelas” e “Codinome Beija-flor”.
Cazuza morreu aos 32 anos, mas foi cantando, sem se entregar, que passou pela doença e é lembrado até hoje.
- Ele botou para quebrar. Foi uma vida intensa, mais rica do que a minha - relata sua mãe Lucinha Araújo.
Por Toda a Minha Vida Cazuza tem direção de núcleo de Ricardo Waddington e direção de Gustavo Fernandez.
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