
Para retratar o universo de Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, a equipe do programa recorre à dramatizações, imagens de arquivo e depoimentos de amigos e familiares, como o jornalista Pedro Bial, os cantores Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Bebel Gilberto, Roberto Frejat, o produtor musical Ezequiel Neves e seus pais, Lucinha e João Araújo.
- A Lucinha Araújo abriu o baú dos seus arquivos para nossa pesquisadora Júlia Schnoor e lá encontramos coisas preciosas, como momentos de intimidade dele, comemorando um aniversário em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro - conta George Moura, redator do programa.
No especial, o jornalista e amigo Pedro Bial relembra a época em que queriam revolucionar o mundo. Para os então meninos, “ou a vida era uma grande aventura ou não era nada!”.
Programa revela as nuances do poeta da rebeldia, da solidão e do amor
Caju, como era chamado por seus amigos, gritou por uma geração que desconhecia a democracia. Capaz de oscilar entre a doçura e a crueldade, ele escrevia versos que escancaravam os desejos de uma juventude que se libertava de vinte anos de ditadura. Sua música traduzia a angústia e a euforia de toda uma geração. Ele foi considerado o poeta da rebeldia, da solidão e do amor.
Filho do fundador da Som Livre, Cazuza sempre esteve cercado por artistas. Mas foi preciso que Guto Graça Melo, então diretor-artístico da gravadora, e Ezequiel Neves, assistente deste, batessem várias vezes na sala de João Araújo para que ele ouvisse a fita do rapaz cantando com o Barão Vermelho.
- E era boa! Eu acabei sendo convencido a gravar - relembra em cena que vai ao ar no programa.
O grupo, que tocava rock em português, teve sucessos como “Todo Amor que Houver nesta Vida” e “Pro Dia Nascer Feliz”, que Ney Matogrosso lançou para todo o Brasil. O êxito foi enorme, no entanto, os conflitos se tornaram frequentes e Cazuza já não queria mais cantar apenas rock.
- Fiquei conhecido como roqueiro, mas sempre tive uma paixão enorme pela Bossa Nova, por aquela coisa cult, intimista, pelo canto no pé do ouvido, aquela coisa íntima mesmo e resolvi gravar uma. Vamos ver. Está aí - conta Cazuza em uma de suas entrevistas que o Por Toda Minha Vida exibe.
Às vésperas de lançar o primeiro LP solo, “Exagerado”, a saúde de Cazuza se tornou cada vez mais frágil. A descoberta de que era soropositivo e todo o sofrimento que a doença acarretou não tiraram a intensidade e a ousadia do cantor. A partir daí, sua poesia passou a carregar a emoção de quem estava vivendo com novas perspectivas.
- Eu comecei a me preocupar em ver o lado de fora da janela, em ver o coletivo - disse na época em que escreveu músicas como “Brasil”, “Um trem pras estrelas” e “Codinome Beija-flor”.
Cazuza morreu jovem, aos 32 anos. A mãe Lucinha Araújo relata:
- Ele botou para quebrar. Foi uma vida intensa, mais rica do que a minha.
Apresentado por Fernanda Lima, Por Toda Minha Vida Cazuza tem direção de núcleo de Ricardo Waddington e direção de Gustavo Fernandez. Escrito por Teresa Frota, apresenta reportagem de Fernanda Scalzo e redação final de George Moura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário