
Só nos filmes de ficção científica herois não têm de trabalhar duro, pagar conta, resolver pepinos, essas coisas. Em Viver a vida, os herois são gente como a gente. Por isso, nem bem recupera o fôlego, depois de salvar Helena, e Dora já está noutra missão, agora em nome da própria sobrevivência. Porque precisa comer, e também Rafaela, Dora tem de conseguir um emprego urgente. “Nada pior que depender dos outros”, diz Dora. Rafaela pensa um pouquinho diferente. Por que salvou a moça rica, talvez a mãe pudesse receber uma ajudinha: “Uma casa linda pra gente morar... Um carro grande...”. Dora não acredita nisso, por isso está à espera de uma vaga naquele restaurante de Búzios, o mesmo em que Osvaldo toca à noite. Rafaela fica esperando lá fora, dedinhos cruzados.
A entrevistaO gerente olha pra Dora da cabeça aos pés, escaneando a moça como se quisesse identificar possíveis defeitos de fabricação. Como não encontra nenhum aparente, pede os documentos e a entrevista prossegue. “Dora Regina Vitória Vilela, nome de milionária”, diz sarcástico. As perguntas continuam até que vem o veredicto: Gostei de você... Vem na segunda pra acertar tudo e começar. Dora sorri, agradecida. Mas ela sabe que não vai ser fácil trabalhar ali. Antes que ela sai, o gerente insiste em fazer uma última perguntas “Tá de biquíni por baixo?” E pede pra ver.
Dora nega: “Tá me querendo pra garçonete ou pra garota de programa?”
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