terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pesquisador ressalta importância da novela O Clone na dramaturgia nacional

Unindo clonagem humana ao mundo mulçumano, Gloria Perez e Jayme Monjardim apresentaram uma das novelas mais instigantes da história da teledramaturgia mundial numa superprodução da Rede Globo exibida entre 1º de outubro de 2001 a 15 de junho de 2002.

Para contar a história de amor entre a muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) e o brasileiro Lucas (Murilo Benício), a novelista escolheu o distante Marrocos, no continente africano. Lucas está viajando em companhia de seu irmão gêmeo, Diogo (Murilo Benício), do pai, Leônidas (Reginaldo Faria) - acompanhado por sua namorada Yvete (Vera Fischer) - e do cientista Albieri (Juca de Oliveira). Após uma discussão com o pai, Diogo resolve voltar para o Brasil, mas, ao chegar no Rio de Janeiro, morre em um acidente de helicóptero. A morte do afilhado tão querido impulsiona Albieri a concretizar um antigo sonho: a experiência da clonagem humana. A partir de células de Lucas, o geneticista faz o primeiro clone humano, que se chamará Leandro (Murilo Benício). O surgimento do clone de Diogo implode uma crise existencial (e temporal) sem precedentes em todos os demais personagens.

Com a clonagem humana envolvendo Lucas/ Leandro (Léo), abre-se a questão ciência versus religião sempre presente no universo geneticista. O amor entre Jade e Lucas não é suficiente para ultrapassar o determinismo cultural. Jade casa-se com o muçulmano Said (Dalton Vigh) e passa a viver de maneira ainda mais intensa a dualidade cultural entre o oriente e o ocidente.

Quando conhece Leandro, vê no jovem o viço que tanto a encantara na figura de Lucas. Forma-se, então, um triângulo totalmente inusitado: Leandro – Jade e Lucas, que terá na figura do clone um encontro consigo mesmo 20 anos mais jovem transformando-se num rival de si próprio.

Temática dos gêmeos nas novelas revigorada

No início do século XXI, Gloria Perez renova a temática dos gêmeos tão cara à telenovela por meio da clonagem humana - que saiu da ficção para virar tema de debate científico. A este tema central, abordou uma das questões mais preocupantes da sociedade contemporânea: a dependência química – seja o álcool (através do personagem Lobato, Osmar Prado) ou as drogas (Mel - Débora Falabella e Nando - Thiago Fragoso).

Neste sentido, a novela concorreu para o avanço das informações sobre a clonagem e os limites da ciência (expostos, em particular, por Edna – Nívea Maria -, secretária e esposa de Albieri) diante da ética e da religião.

Cumpriu ainda uma missão cívica, aproximando as pessoas comuns das autoridades científicas além de reunir o país em torno dos relatos dramáticos dos dependentes químicos, sejam eles na ficção ou na realidade.

A Rede Globo, a mesma emissora que modernizou e industrializou a telenovela no início da década de 1970, trazendo, entre tantos outros avanços, as cores para a teleficção e projetou o Brasil no exterior com incontáveis sucessos, parte para mais uma ousada etapa na história de nossa telenovela:a versão hispânica de O Clone (El Clon) em conjunto com a Telemundo Studios, da Colômbia– um dos mais importantes pólos produtores de telenovela.

Se foram as novelas da Rede Globo que anunciaram ao mundo que um novo Brasil surgia, com El Clon entramos em definitivo na Era da Globalização da Telenovela (não apenas o texto é comercializado, mas um novo processo de produção em curso) e, com isso, firmamos ao mundo a nova construção social e psíquica da América Latina.

Nenhum comentário: