sexta-feira, 8 de maio de 2009

Zeca Camargo escreveu livro 'Isso aqui é seu' a partir de diário feito na viagem

Para o jornalista e apresentador do Fantástico, Zeca Camargo, não há nada mais importante do que as pessoas na hora de fazer uma reportagem sobre viagens. Zeca tem 83 países em seu currículo e conta que, quando viaja de férias, vai sozinho e nem leva máquina fotográfica. Para escrever o livro "Isso aqui é seu", baseado na série homônima exibida no início de 2009, aos domingos no Fantástico, na Rede Globo, ele fez uma diário detalhado das viagens, ressaltando que a história do lugar é contada a partir da história dos personagens.

TV Globo: Como surgiu a ideia de fazer a série "Isso aqui é seu"?
Zeca Camargo: Foi como um filhote da outra volta ao mundo que a gente fez. A gente experimentou com vários modelos até que eu me dei conta de que, na outra volta ao mundo, eu visitei vários patrimônios da humanidade. Por que então não fazer uma série só focada nisso? E deu certo. A dificuldade foi escolher dentre os mais de 700 patrimônios que existem no mundo, quais seriam os 10 mais representativos.

TV Globo: Quando a ideia surgiu, vocês já pensavam em fazer um livro a partir da série?
Zeca Camargo:
Dessa vez, o livro já estava planejado. Eu até fiz um diário de viagem mais completo, pensando em fotos. Tanto que esse livro é bastante ilustrado, tem fotos bem legais e o mérito nem é muito meu, porque eu não sou um bom fotógrafo. Os lugares são tão bacanas que as fotos ficam bonitas, independente de quem está fotografando. Acho que o "Isso aqui é seu" ficou um livro mais completo, já que foi pensado previamente com todas aquelas seções inclusive.

TV Globo: Tem algum caso inusitado que tenha acontecido nessas viagens?
Zeca Camargo:
Nessa última, a gente chegou a comprar a passagem de avião e fazer o check in para o Timbuktu e o voo foi cancelado. Só que a gente estava alí no meio do Mali, a caminho do Saara, na África. A única opção que tínhamos era ir de carro. O problema é que foram 900km de carro e quase tudo de estrada de terra. Foi um sofrimento. Mas aprendemos um pouco e incorporamos isso na matéria, que acabou mais rica e foi até a matéria de abertura. A maior dificuldade numa viagem dessas são os trajetos. Só de aeroporto, acho que foram 5 ou 6 dias, somando todas as horas de espera.

TV Globo: Você viaja com uma equipe pequena?
Zeca Camargo:
É uma equipe mínima porque é uma viagem cara, é um projeto que tem um orçamento respeitável, então a gente enxuga ao máximo. Temos o básico ali: eu; o repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues e o Ian Bennett, que se revezava como assistente de câmera e produtor.

TV Globo: Teve algum destino que fosse uma verdadeira cilada?
Zeca Camargo: A escala do Azerbaijão foi mais difícil, a cilada foi porque que era um lugar deslumbrante, mas só chovia e para a televisão isso é a morte. No final, até ficou um episódio bacana, mas foi o mais difícil para dar uma finalizada.

"Ao escrever sobre essas pessoas, sobre esses encontros, é que se faz uma viagem especial. Viagem não é monumento, é gente"

TV Globo: Como foi o processo para escrever o livro?
Zeca Camargo:
Com o laptop hoje em dia é muito mais fácil. Toda noite eu fazia meu diariozinho, era meio como um ritual. Olhando o diário e vendo o livro pronto, o diário é 60% do livro. Esse eu já fui escrevendo lá, sobretudo no que diz respeito aos personagens. A gente fez muita questão de que a história do lugar fosse contada a partir da história dos personagens. Ao escrever sobre essas pessoas, sobre esses encontros, é que se faz uma viagem especial. Viagem não é monumento, é gente. Os personagens já estavam bem presentes no diário, o que facilitou na hora de escrever o livro.

TV Globo: O que te impressiona mais numa viagem são as pessoas?
Zeca Camargo:
Sim, sempre as pessoas. O sucesso da série foi realmente não ter feito uma coleção de cartões postais, mas sim ter dado um fundo para aquelas paisagens e esse fundo é sempre humano.

TV Globo: Você falou que a tecnologia ajuda. Já pensou em fazer uma próxima cobertura de viagens usando o twitter?
Zeca Camargo:
Estamos fazendo um projeto aqui sobre as grandes cidades do mundo, é uma coisa mais urbana e menos turística num certo sentido. Para essa próxima, eu adoraria, até porque dá para fazer de qualquer lugar. O Fantástico sempre aposta nessas coisas novas. Aliás, foi o primeiro programa aqui a ter um twitter, então é uma boa ideia.

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